Servidores públicos estaduais paralisam as atividades e dão recado aos governos estadual e federal
Diversas categorias dos servidores públicos de Minas Gerais promoveram nessa terça-feira, 08/11, um dia estadual de mobilização. Em Belo Horizonte, os servidores se reuniram em ato público unificado no hall da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), no início da tarde.
Organizada pela Coordenação Intersindical do Funcionalismo Público, com o apoio da UGT-MG, o ato contou com a presença de aproximadamente 15 sindicatos que representam o funcionalismo público, vários deles filiados à central ugetista mineira.
De acordo com o secretário do servidor público da UGT-MG e diretor do Sindpúblicos, Eduardo Sérgio Coelho, diversas categorias de municípios do interior também paralisaram as atividades e foram às ruas em protesto. Entre os quais, Ubá, Visconde do Rio Branco, João Pinheiro, Divinópolis, Pará de Minas, Pirapora, Manhuaçu e Bambuí, só para citar alguns exemplos.
Contra o atraso e parcelamento dos salários
Em todos eles o discurso era unânime: não dá mais para aguentar a política de atraso e parcelamento dos salários, adotada pelo governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel. Outra preocupação é em relação ao pagamento do décimo terceiro salário, que ninguém sabe quando e de que forma será feito, e o desrespeito à data-base, em outubro.
“O governo ainda não definiu nada sobre o décimo terceiro, não tem nenhuma projeção e está empurrando o servidor com a barriga. É um desrespeito com a classe dos servidores públicos”, afirma Denílson Marins de Matos, presidente do Sindicato dos Servidores da Imprensa Oficial.
Segundo ele, como se não bastasse, o funcionalismo está há três anos sem reajuste salarial e nenhuma perspectiva de correção. “Esse ato de hoje é um aviso para o governo. Se não houver resposta o movimento vai engrossar e vamos demonstrar nosso descontentamento”, prevê.
O parcelamento dos salários teve início em fevereiro deste ano, em função da crise econômica enfrentada pelo Estado.
No limite
O diretor Político do Sindipúblicos/MG, Geraldo Henrique, afirma que os tempos têm sido difíceis para a categoria nos últimos anos. “Além do atraso no pagamento dos salários, estamos há três anos sem reajuste, com essa inflação enorme que está aí. Não aguentamos mais. Esse movimento demonstra que a insatisfação chegou ao limite e a tendência é que aumente”.
Armando Soares Siqueira, diretor do Sindicato dos Servidores do IPSEMG, ressalta que há famílias que estão até com sua alimentação comprometida. “Queremos que o pagamento dos salários volte a ser feito no quinto dia útil. Estamos pagando juros e mais juros em nossas contas. E precisamos também de uma sinalização do que vai acontecer com o décimo terceiro. É um absurdo termos que ficar nessa agonia, nessa espera”, ponderou
Gysélia Castro Pinto é presidente do Sindicato dos Profissionais de Especialistas em Educação do Ensino Público de Minas Gerais (SINDESPE-MG). Segundo ela, a situação dos profissionais pedagogos do Estado é abaixo da crítica. “Estamos em 18º lugar em termos de remuneração no Brasil. E olha que já fomos vanguarda, com excelência na educação. Se Minas Gerais quer uma educação de qualidade vai ter que remunerar melhor seus profissionais”, disse.
Desvalorização
Alessandra de Araújo, da Associação dos Servidores da Junta Comercial, diz que a desvalorização do servidor público tem sido uma constante nos últimos governos em Minas Gerais e, no caso da Junta Comercial, a categoria está sem reajuste salarial há mais de dez anos, sem sequer ser lembrada pelo poder público.
“Queremos ser vistos e lembrados como pessoas que contribuem, com seu trabalho, para o progresso do país. Queremos ser valorizados”, diz Alessandra, que se mostra também preocupada com a aprovação da PEC 55/16 (conhecida como PEC do teto dos gastos públicos).
Falta de diálogo
Também presente no ato público da ALMG, o presidente do SINDASP, Adeílton de Souza Rocha, criticou a falta de diálogo com os servidores públicos, com decisões unilaterais por parte do governador.
“O governo toma decisões sem ouvir o funcionalismo. Um governo que fala que é do trabalhador e não ouve o trabalhador. Temos que sair do comodismo e ocupar outras praças para denunciar o que tem sido feito contra o servidor e o serviço público de Minas Gerais”, declarou.
Contra a PEC 241 e a reforma da Previdência
O presidente do Sindipol/MG, Denílson Martins, lembrou que o movimento dessa terça-feira, 8 de novembro, conteve uma pauta múltipla, de ordem estadual e também federal, que não pode ser esquecida.
“O movimento é também uma sinalização para as reformas que estão sendo feitas em Brasília no arrepio da lei, no arrepio da Constituição Federal e a toque de caixa. Não aceitamos a PEC 241 (PEC 55 no Senado), que congela nossos salários por 20 anos e não respeita as nossas prerrogativas. Além disso, abre caminho para a precarização e a terceirização. E o que é mais grave, no caso nosso, da polícia civil, não aceitamos que mexam na nossa aposentadoria”, pontuou.
Denílson comenta que a reforma da Previdência, da forma como vem sendo anunciada, vai engessar e quebrar os direitos dos trabalhadores, principalmente dos operadores da Segurança Pública. “Isso não vamos aceitar. Não descartamos a possibilidade de um movimento paredista da polícia civil em protesto às reformas anunciadas em nível federal”, afirmou.
Próximos passos
A Coordenação Sindical do Funcionalismo Público vai se reunir para avaliar a mobilização desta terça-feira, 8/11, e definir os próximos passos do movimento.