BH pára e reúne milhares no centro da capital
Belo Horizonte amanheceu hoje, 28/04, debaixo de chuva. Mas a água que caiu sobre a capital mineira não foi, em momento algum, impeditivo para o grande ato público unificado realizado na Praça Sete, na região central, convocado pelas centrais sindicais, entre as quais, a UGT-MG.
Debaixo de guarda-chuva, sob capas de plástico ou sem qualquer proteção, os manifestantes se uniram em uma só voz para protestar contra a reforma da Previdência, a reforma Trabalhista e a aprovação da terceirização irrestrita. O centro da capital ficou como não se via há muitos anos. Não faltaram palavras de ordem e recados duros para o governo e o Congresso Nacional.
No carro de som único, uniram-se todas as centrais sindicais - UGT/MG, Força Sindical, Nova Central (NCST), CSP Conlutas, CTB, CUT, CSB, CSTB e Intersindical, além de representantes de movimentos populares, sociais e estudantis. Milhares de pessoas participaram da manifestação, como parte integrante do dia nacional de greve, convocado pelas centrais sindicais.
Teve até intervenções culturais, com direito a capoeira e desfile de blocos de carnaval. A juventude e os estudantes, com a característica que lhe é peculiar, deram um show de cidadania à parte, com discursos afiados sobre perda de direitos e a necessidade de unidade para evitar retrocessos.
Greves
A sexta-feira, 28 de abril, começou com várias categorias paralisadas. Conforme o previsto, os rodoviários e metroviários de Belo Horizonte cruzaram os braços, contribuindo para o sucesso do movimento. Dezenas de outras categorias aderirem à greve, dos setores público e privado.
A paralisação atingiu também vários municípios da região metropolitana e do interior do Estado. O entendimento coletivo é que as reformas em curso irão prejudicar significativamente toda a sociedade. Vários sindicatos filiados aderirem à convocação da UGT-MG e, com faixas e palavras de ordem, foram para as ruas engrossar os protestos contra o retrocesso e a retirada de direitos.
Golpe contra o trabalhador
Em seu discurso no ato público unificado, o presidente da UGT-MG, Paulo Roberto de Souza, lembrou do duro golpe desferido contra a CLT com a aprovação, na noite de 26/04, da proposta de reforma Trabalhista pela Câmara dos Deputados. E contestou veementemente o argumento do governo de que a medida é necessária para retirar o país da crise.
Ele destacou também os riscos representados pela reforma da Previdência, que terá consequências muito mais profundas e dramáticas do que o trabalhador pode imaginar. Todos os setores e as diferentes categorias serão atingidos, do setor público e privado, do campo e da cidade.
Os mais prejudicados serão os jovens, na medida em que estão propostos pré-requisitos rígidos e descolados da realidade brasileira para os que estão ingressando agora no mercado de trabalho. Se a reforma da previdência for aprovada tal como está proposta, observou o presidente ugetista, a aposentadoria no Brasil será algo inatingível para a grande maioria da população.
Paulo Roberto voltou a citar a falta de legitimidade do Congresso Nacional em retirar direitos dos trabalhadores, uma vez que a maioria dos parlamentares está envolvida com escândalos políticos e denúncias de corrupção.
Unidade das centrais
O secretário-geral da UGT-MG, Fabian Schettinni, creditou o sucesso da greve geral em Minas à unidade das centrais, que se mantiveram coesas do início ao fim, deixando de lado as divergências ideológicas para lutar por uma causa comum.
A elas se somaram os movimentos populares e sociais, cientes dos malefícios causados pelas propostas apresentados pelo governo e chanceladas pelo Parlamento. A greve, portanto, não é de uma ou outra central sindical, mas de toda a classe trabalhadora e em defesa dos direitos e conquistas de toda a população brasileira.
O diretor financeiro da UGT-MG, José Cloves, não tem dúvidas de que a greve geral e as manifestações realizadas em BH e todo o Brasil irão refletir na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, podendo influenciar as próximas votações de projetos que interferem na vida do trabalhador.
A reforma Trabalhista, por exemplo, foi aprovada pela Câmara dos Deputados, mais ainda depende de aprovação do Senado. A reforma da Previdência não foi votada em nenhum das duas casas.
A mesma opinião é compartilhada pelo secretário-adjunto de Previdência e Assistência Social, Wagner Francisco Alves Pereira, para quem a mobilização deve continuar como forma de pressionar os parlamentares a votarem a favor dos trabalhadores. Se for preciso, com os movimentos sindicais e populares voltando a ocupar Brasília e o Congresso Nacional.
De olho neles
Durante o ato unificado, foram lidos os nomes dos deputados federais eleitos por Minas Gerais que votaram contra o trabalhador na proposta de reforma trabalhista e na terceirização irrestrita. A orientação é uma só: dar o troco nas eleições de 2018, denunciando e não reelegendo aqueles que estão contra os interesses dos trabalhadores e da população brasileira.