União Geral dos Trabalhadores

Centrais sindicais mineiras, movimentos populares e estudantis saem às ruas de BH e dizem não à retirada de direitos

28 de Novembro de 2016

A Praça Sete, no coração de Belo Horizonte, foi tomada por bandeiras de todas as cores na manhã de sexta-feira, 25 de novembro. As centrais sindicais UGT-MG, Força Sindical, Nova Central Sindical, CSP Conlutas, CTB e Intersindical atenderam ao chamado nacional e, de forma unificada, ocuparam as ruas da capital.

O ato público unificado do Dia Nacional de Lutas, Greves, Paralisações e Protestos contou com a participação de representantes de movimentos sociais e de estudantes universitários e secundaristas, inclusive, de escolas ocupadas em Belo Horizonte. Foram cerca de três mil pessoas presentes e Minas Gerais deixou claro, em alto e bom tom, que não irá permitir retrocessos e nem a retirada de direitos.  

“Estamos, neste dia histórico e de unidade do movimento sindical, dizendo não a esse pacote de maldades do governo. O estado de Minas Gerais não vai ficar calado. Esse ato público é um símbolo da nossa resistência. Nós, trabalhadores, não podemos pagar a conta da incompetência dos gestores públicos”, afirmou o secretário-geral da UGT-MG, Fabian Schetinni.

O secretário do Servidor Público da central ugetista mineira, Eduardo Sérgio Coelho, lembrou que a fatura da crise é dada para o trabalhador comum pagar, enquanto os altos cargos e escalões permanecem intocáveis, com salários e mordomias que são verdadeiros absurdos, assim como o capital financeiro especulativo. “Em Minas Gerais, por exemplo, a grande maioria dos servidores públicos ganha até R$ 3 mil. Os trabalhadores não podem ser responsabilizados pela crise”, comentou.

Ameaças aos direitos trabalhistas

As lideranças sindicais, estudantis e de movimentos populares se revezaram no microfone  para protestar contra a PEC 55/2016, em tramitação no Senado, que limita os gastos públicos nos próximos 20 anos.

Aprovada como PEC 241/2016 na Câmara Federal, a medida é considerada um enorme retrocesso e uma ameaça real aos investimentos sociais em áreas prioritárias como saúde e educação. Os mais prejudicados serão os trabalhadores e os pobres, ou seja, aqueles que mais precisam do Estado para que seus direitos constitucionais sejam garantidos.

Por outro lado, exclui do congelamento os gastos com a chamada dívida pública (responsável por quase a metade do orçamento federal). Dívida esta, aliás, que nunca foi auditada, como determina a Constituição, e sobre a qual recaem graves indícios de irregularidades. A PEC também não coloca teto para o pagamento de juros ao sistema financeiro e nem taxa as grandes fortunas.

As centrais também saíram às ruas em defesa da aposentadoria e contra a reforma da Previdência; em defesa dos direitos e contra a reforma trabalhista; em defesa do emprego e pela redução da jornada de trabalho, sem a redução dos salários.

Pressão nos parlamentares

As lideranças sindicais conclamaram a população a pressionar os parlamentares mineiros (os três senadores e os 53 deputados federais eleitos por Minas) para que não votem a favor da retirada de direitos.

A orientação é não dar trégua e que cada pessoa aproveite as facilidades da tecnologia e da internet e faça pressão por e-mail, telefonema, carta, mensagens nas redes sociais e demais canais de comunicação disponíveis.

Ou seja, utilizando-se de todas as formas possíveis para fazer chegar o descontentamento da classe trabalhadora às medidas propostas e em tramitação no Congresso Nacional. Deixando claro, também, que aqueles que votarem contra o trabalhador e a sociedade, terão o recado nas urnas nas próximas eleições.

Intervenções culturais

A juventude presente no ato público, com a criatividade que lhe é peculiar, foi protagonista de intervenções culturais na Praça Sete. Entre as quais, uma marcha fúnebre com os estudantes da UFMG, representando o enterro da educação e da saúde, caso a PEC 55/2016 seja aprovada.