Presidente da UGT critica uso do FGTS para estímulo ao crédito
O presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, que participou da reunião do Conselhão, no Palácio do Planalto, nesta quinta-feira, 28, criticou o anúncio do ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, de utilização de um crédito de R$ 17 bilhões do FGTS. Ele também se disse surpreso com o volume de crédito de R$ 83 bilhões anunciado pelo governo em momento crítico da economia.
Ao condenar o uso de dinheiro do trabalhador, retido no FGTS, ainda mais em volume tão alto, Patah afirmou. "Como trabalhador, não acho que seja adequado pegar recursos do FGTS para estimular o crédito. Não sei se este é papel do fundo. Não concordo. É mais adequado reduzir compulsório dos bancos de 33% para 20%, por exemplo", disse Patah.
No geral, o sindicalista apoiou a iniciativa de convocar o conselho e aditar medidas de estímulo ao crédito. "O crédito é necessário, mas não com dinheiro do FGTS", emendou.
Patah não acredita que a convocação do conselho seja uma jogada política da presidente para ajudar a barrar o impeachment. "O impeachment é essencialmente político e não acredito que esta situação aqui seja para subsidiar lá. Senão, muitos de nós não estaríamos aqui. Eu não estaria", comentou.
Fonte: www.ugt.org.br
Para entender melhor
O total do crédito que o governo vai injetar na economia, anunciado pelo ministro Nelson Barbosa (Fazenda) nesta quinta-feira (28), durante reunião do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social), será de R$ 83 bilhões.
A grande novidade será a autorização do uso da multa e de parte do saldo do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) como garantia de crédito consignado para trabalhadores do setor privado demitidos sem justa causa. A expectativa é de gerar R$ 17 bilhões de crédito com essa modalidade.
Para crédito rural, serão destinados R$ 10 bilhões. Para crédito habitacional, com recursos do FGTS, serão mais R$ 10 bilhões.
Para infraestrutura, por meio dos recursos do FI-FGTS, serão mais R$ 22 bilhões em linhas de crédito.
Para capital de giro de pequenas empresas serão dedicados R$ 5 bilhões, por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Para investimento em máquinas e equipamentos, o governo trabalha numa linha de crédito do BNDES de R$ 15 bilhões.
Para empresas exportadoras, serão liberados R$ 4 bilhões de crédito.
Veja quanto irá para cada setor
Governo tenta aumentar financiamento para setores econômicos e crédito para trabalhadores
Safra agrícola
R$ 10 bilhões para pré-custeio da safra 2016/2017 via Banco do Brasil
Imóveis
R$ 10 bilhões em recursos do FGTS para instituições financeiras contratarem novas operações de crédito imobiliário
Infraestrutura
R$ 22 bilhões em recursos do FI-FGTS (fundo de investimento do FGTS) em crédito para operações de infraestrutura (investimento em energia, estradas, pontes, transporte, ferrovias etc)
Micro e pequenas empresas
R$ 5 bilhões do BNDES para capital de giro
Exportadores
R$ 4 bilhões em linhas de pré-embarque para exportações via BNDES
Bens de capital
R$ 15 bilhões do BNDES para refinanciamento das operações que estão vencendo do PSI (programa de financiamento para bens de capital) e do Finame (financiamento de máquinas e equipamentos) com taxas de mercado, sem subsídio
Crédito consignado
R$ 17 bilhões (estimativa do governo) em recursos do FGTS para garantia de crédito consignado. O banco teria como garantia, em caso de demissão do trabalhador, a multa por demissão (40% do saldo do FGTS) e mis 10% do saldo dos depósitos existentes
Fonte: Ministério da Fazenda/Jornal O Tempo