União Geral dos Trabalhadores

ARTIGO: A atual situação econômica do Brasil e suas perspectivas

08 de Outubro de 2015

A situação econômica e política do Brasil é assunto predominante nas rodas de conversas entre os brasileiros. Inflação em rota de crescimento, real desvalorizado diante do dólar e euro, reajuste nas tarifas públicas, nível de desemprego subindo a cada mês, comércio registrando queda nas vendas demonstram que, de fato, há motivos para preocupações.

 

A falta de confiança tem impacto direto nos investimentos e na contratação de mão de obra. O raciocínio é simples: com incertezas na economia, é melhor optar por cautela e não investir dinheiro em novas máquinas, tecnologia e no quadro de funcionários. Novos empreendedores aguardam momentos menos incertos para iniciar seus projetos. E, como em toda situação de incerteza, uma certa dose de pânico começa a se instalar no seio da população. 

 

Para tentar entender a atual situação do Brasil não se pode fechar os olhos para algumas de suas causas. A primeira delas é a falta de investimentos em infraestrutura, que tem levado o país a perder competitividade tanto no ambiente interno quanto externo. A segunda é a falta de planejamento estratégico de longo prazo. O governo tem trabalhado de forma reativa, em operação tapa-buracos, com medidas emergenciais.

 

Aliado à crise econômica, a crise política e as denúncias de corrupção que respingam em partidos e parlamentares das mais diferentes matizes, além do movimento pró-impeachment da presidenta Dilma Rousseff, agravam ainda mais o quadro de instabilidade do país.

 

No parlamento predominam partidos destituídos de qualquer ideário e para os quais a atividade política se tornou um meio para se atingir outros objetivos que não o bem-estar da coletividade. Os interesses vão para a balança da barganha e nem sempre a nação é colocada em primeiro plano.

 

A crise existe e não há como negá-la. É certo que o momento exige medidas fortes e corajosas para recolocar o Brasil nos trilhos. Porém, decisões precipitadas em momentos de histeria, aliadas a especulações nem sempre fundamentadas, são temerosas e podem comprometer ainda mais o futuro do país.

 

Importante ressaltar que, na contramão do pessimismo que assombra grande parte da população, há quem esteja colhendo frutos e se aproveitando da crise para auferir lucros cada vez maiores. No primeiro trimestre deste ano os principais bancos privados cresceram a taxas próximas de 30%. Os juros cobrados pelo sistema financeiro é um dos mais elevados do mundo, assim como os juros do cartão de crédito, sugando o sangue dos devedores e correntistas.

 

A história da economia mundial já nos mostrou diversas vezes: quando um fica mais pobre, outro fica mais rico. Não há destruição da riqueza, e sim distribuição - nesse caso, mais pra um que para outro. É triste constatar, mas a realidade mostra que o sistema financeiro sempre lucra com a desigualdade.

 

Também o setor de agronegócios não tem do que reclamar. Apesar da queda no Produto Interno Bruto (PIB) - previsão de recuo de aproximadamente 2,5% em 2015 - esse segmento tem mantido uma taxa média de crescimento anual, beneficiado, em grande parte, pelo câmbio que favorece as exportações.

 

O Brasil é um país generoso, com gente trabalhadora e que merece ser feliz. Estamos em um momento crucial, em que os movimentos sindicais e sociais  podem e devem contribuir para apresentar propostas que reconduzam o país e, o que é mais importante, por meio de um desenvolvimento sustentável e com justiça social.

 

Devemos, como trabalhadores e dirigentes sindicais, nos colocarmos diante do atual cenário político-econômico e podemos, com a nossa união, ajudar o país a superar este momento. Não existe trabalho solitário. Vamos trocar informações e investir na formação e na organização de nossa base e, principalmente, vencer a cultura de desânimo que, muitas vezes, leva o trabalhador ao desespero.

 

Resgatar nosso poder de luta e cobrar posições dos governantes, sem que sejam negadas as reivindicações dos trabalhadores e, tampouco, retirados direitos tão arduamente conquistados, é uma tarefa que cabe a todos nós. A UGT, que pratica um sindicalismo ético, cidadão e inovador, acredita na possibilidade de uma vida igualitária e libertária para todos os homens e mulheres, por meio de um modelo de desenvolvimento cujo centro deva ser sempre o ser humano. E é esse o objetivo que continuaremos a perseguir.

 

 

UGT Minas