Por Dilma, por Maju, pelo respeito às diferenças e pela dignidade humana!
Dois fatos lamentáveis marcaram o Brasil na última semana. O primeiro deles foi o ataque promovido contra a presidenta da República, por meio de adesivos de automóveis que atentam criminosamente contra a imagem de Dilma Rousseff. A imagem veiculada violenta todos nós, mulheres.
Gostar ou não de um político e criticá-lo é um direito dos eleitores, que devem demonstrar nas urnas seu descontentamento, mas ofensas à honra, principalmente de baixo nível, devem ser tratadas como crime. Liberdade não é libertinagem. Quem age desta maneira não é adversário e, sim, desprovido de qualquer senso de educação e demonstra não possuir argumentos políticos para um protesto ou um debate sérios. Isso, sim, é o pilar da democracia.
O que entristece é ver que há mulheres que riem diante do adesivo, zombam e comentam seu teor, sem se darem conta de que ele é um afronta à dignidade humana. Também não se dão conta de que o atentado antiético e amoral contra Dilma é um atentado contra a presidenta e chefe de Estado, por conseguinte, contra a instituição Presidência da República.
Felizmente, pessoas lúcidas e do bem de diferentes matrizes partidárias, algumas até mesmo anti-PT, têm se manifestado publicamente para repudiar esse crime contra a imagem da presidenta, e, por tabela, contra todas nós, mulheres.
O Fórum Nacional de Mulheres Trabalhadoras das Centrais, integrado pelas mulheres da UGT, CTB, CUT, Força Sindical e Nova Central, divulgaram nota de repúdio, na qual manifesta seu repúdio e exige punição para as pessoas responsáveis pela veiculação de adesivos e propagandas discriminatórios nas redes contra a Presidenta Dilma Rousseff.
A Articulação de Mulheres Brasileiras e a Articulação Feminista Mercosul também divulgaram manifesto conjunto, em que se solidarizem com a presidente Dilma. Diz um dos trechos do manifesto: “Difundir e naturalizar o uso dessa imagem é, na nossa perspectiva, ser cúmplice da violência, é praticar o crime de incitação à violência sexual contra as mulheres, em um país em que, todos os dias, em intervalos de minutos, uma mulher é estuprada e morta pelo machismo.”
A ministra da Secretaria de Política para as Mulheres, Eleonora Menicucci, por sua vez, encaminhou denúncia ao Ministério Público Federal, à Advocacia-Geral da União (AGU) e ao Ministério da Justiça, contra a venda dos adesivos. Também pediu "ação urgente para impedir a produção, veiculação, divulgação, comercialização e utilização do material e que os responsáveis respondam penalmente”. Torcemos para que isso aconteça, de fato.
Outro episódio que marcou a semana no Brasil foram as ofensas dirigidas à jornalista Maria Julia Coutinho, que apresenta a previsão do tempo no telejornal da TV Globo. Maju, como é conhecida, foi vítima de comentários racistas e pejorativos de internautas, na página oficial do Jornal Nacional no Facebook. “Só conseguiu emprego no Jornal Nacional por causa das cotas. Preta imunda”, dizia um dos comentários. “Não tenho TV colorida para ficar olhando essa preta, não”, escreveu outro internauta.
A reação veio imediatamente, com a campanha “Somos todos Maju”, amplamente divulgada nas redes sociais e apoiada por diversos sindicatos de jornalistas do país.
Mais uma vez a violência se volta contra a mulher e, desta vez, mulher e negra.
Ah, o preconceito. O Brasil precisa crescer e muito para pensar em dizer que não há, em hipótese alguma, qualquer indício de preconceito entre seus pares. Essa é uma luta e uma bandeira de todos nós, homens e mulheres dispostos a transformar esse país. E o movimento sindical, que tem a defesa da sociedade como uma de suas prerrogativas, não pode se calar neste momento.
À Maju, pessoa linda e profissional talentosa, a nossa solidariedade. Vá em frente, Maju, não desista nunca.
Fernanda Maria Sampaio
Secretária de Comunicação da UGT Minas