Comerciários de BH realizam seminário em meio à negociação da data-base
BELO HORIZONTE/MG – A diretoria do Sindicato dos Empregados no Comércio de Belo Horizonte e Região Metropolitana (SECBHRM) promoveu Seminário sobre Negociação Coletiva, no domingo, 08/01, no Centro da Capital mineira, do qual participaram 75 integrantes da direção sindical.
Na abertura do encontro, o presidente da entidade, José Cloves Rodrigues, destacou o fato de a reunião coincidir com o período de negociação salarial classe, cuja data-base é 1º de março. O sindicalista lembrou que o ato de negociar é vivenciado diariamente pela diretoria, nos momentos em que atuam junto à categoria.
Fernando Duarte, supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) de Minas Gerais foi convidado para apresentar um panorama das negociações coletivas no País e as variáveis influentes no processo de negociação, um dos momentos mais importante da ação sindical, por atuar na melhoria dos salários e condições de trabalho.
INTERESSES DIVERSOS - O economista explicou que o processo de negociação envolve interesses divergentes, com objetos em disputa, em correlação de forças diferenciada, que se torna possível quando as partes consideram a existência de vantagens e desvantagens no debate. O perfil coletivo da negociação ocorre quando as personagens envolvidas representam interesses de grupos sociais.
A Negociação Coletiva de Trabalho, desenvolvida entre os segmentos do capital e do trabalho, traduz os conflitos vigentes nas relações sociais de produção, cujo resultado depende de fatores, como identidade e interesse entre as partes, correlação de forças, contexto em que se estrutura o processo, histórico das negociações anteriores ou natureza do objeto negociado.
EVOLUÇÃO DESIGUAL - Mesmo diante de um cenário de economia enfraquecida, com juros altos e menor ritmo na abertura de vagas no mercado de trabalho, em 2015, é prevista recuperação do setor de 3,8%no volume de vendas, índice superior aos 3,2%, de 2014.
Comparativamente, a evolução salarial média dos admitidos no comércio varejista, em 2014, aponta um salário de R$ 921,60 (1,25 salários mínimos), em Belo Horizonte, de R$ 985,86 (1,36 salários mínimos), no Rio de Janeiro, e de R$1.249,72 (1,73 salários mínimos), em São Paulo.
Ao observar o contexto mundial, o salário mínimo do Brasil, de R$ 788, ocupa a 32ª posição, entre 48 países, longe dos mais altos, como o da Austrália ou de Luxemburgo, que ultrapassam os R$ 5.000. Em valores convertidos em reais, de acordo com a cotação de 19 de janeiro de 2015, do Banco Central, o salário mínimo brasileiro somente é maior quando comparado ao mínimo de nações como Senegal, Ucrânia e Peru, onde as remunerações não passam de R$ 650.
PRETEXTO - O supervisor do DIEESE alertou os participantes para argumentos comuns entre os empresários, nos quais o contexto econômico é utilizado para justificar a negativa em elevar salários e conceder direitos, como Participação nos Lucros e Resultados (PLR), ou extinguir a figura do banco de horas, ao invés de pagar pelas horas extras trabalhadas.
Levantamento realizado pelo DIEESE, no primeiro semestre de 2014, identificou índice de 93% das 340 unidades de negociação analisadas conquistaram reajustes salariais acima do INPC-IBGE, nas quais a maioria dos reajustes resultou em ganhos reais de até 3%, com maior incidência na faixa de ganho entre 1% e 2% acima do índice.
Renato Ilha, jornalista (MTE 10.300)