Mulheres afirmam presença na Plenária Nacional dos Comerciários da UGT
BELO HORIZONTE/MG – A crescente presença feminina no mercado de trabalho é realidade no segmento comercial, no qual 55% dos postos são ocupados por mulheres. O que se viu na Plenária Nacional dos Dirigentes Sindicais Comerciários da União Geral dos Trabalhadores, realizado dias 30 e 31/10, no centro de convenções do Dayrell Hotel, no Centro da Capital mineira, foi uma amostra da participação das Comerciárias em posições destacadas.
Na mesa de abertura do evento, Jacira Carvalho da Silva Torres, secretária nacional para a Região Centro Oeste, representou as mulheres e condenou a prática do assédio moral e do machismo, colhendo apoio público à fala. Em outro momento, a diretor de Assuntos Jurídicos do Sindicato dos Empregados no Comércio de Belo Horizonte e Região Metropolitana (SECBHRM), Marli das Mercês de Freitas, compôs a mesa diretora dos trabalhos.
DIFICULDADES DE NORTE A SUL - Na plateia, delegadas de entidades dos quatro cantos do país manifestaram a opinião de quem mais sofre com o excesso de jornada e o desconforto no exercício da profissão. Cintia Lima preside o Sindicato dos Empregados no Comércio de Goiana, município localizado a 62 km de Recife, capital de Pernambuco, reclama da dificuldade de acesso ao sindicato patronal, causado pela falta de representação política na cidade. O sindicato é forçado a negociar com a entidade patronal da Capital, que não conhece a realidade da cidade e tampouco se esforça para tal.
Mesmo com o comércio representando mais de dois terços da economia local, nem empresários ou os governos municipal e estadual atentam para a precária situação dos trabalhadores. A sindicalista, que atua na Federação dos Empregados no Comércio e de Serviços do Norte e do Nordeste (Feconeste), acusou a discriminação de gênero, que impede que o perfil seletivo e organizador das mulheres seja devidamente aproveitado.
Claudete Gomes da Silva, vice-presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Recife, cobra mais participação das mulheres e a colaboração dos homens, que podem abrir mais espaço para a atuação feminina.
GRANDES REDES DE VAREJO - Miromar Ponciano de Andrade, presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Umuarana, no Paraná, falou do comportamento que as entidades sindicais devem adotar na negociação com as grandes redes de varejo. Para ela, as entidades sindicais devem adotar o critério do benefício ao trabalhador, uma vez que as multinacionais se instalam nas cidades brasileiras visando exclusivamente o lucro, o que faz com priorizem a exploração da mão de obra. A sindicalista relatou à plenária as conquistas que obteve ao denunciar empresas e combater a flexibilização da relações de trabalho. Para ela, é preciso afirmar o pagamento de bons salários e não admitir banco de horas.
A presidente do SEC Umuarama defendeu a negociação nos âmbitos regional e nacional, “desde que a negociação seja centralizada e acompanhada pela direção nacional”.
Também do Sul, Sandra Regina Barbeiro, diretora do Sindicato dos Empregados no Comércio de Brusque, Santa Catarina, lamentou a abertura do comércio em todos os domingos, mas vê a possibilidade de assegurar algo a mais para quem trabalha, como vale transporte adicional, alimentação, além do pagamento de R$ 45,00, a título de abono, além do descanso semanal. A comerciária, que é mãe, depôs sobre o mal que o trabalho aos domingos faz à família, pela falta que o empregado faz quando se ausenta para trabalhar no dia em que praticamente todos descansam. “Mesmo que a gente não saia, a presença faz toda a diferença”, disse, lembrando que na folga semanal o comerciário não encontra a família em casa.
PAPEL DO MPT - Ana Claudia Nascimento Gomes, Procuradora do Trabalho, respondeu ao convite da UGT-Minas e destacou interesse do Ministério Público do Trabalho (MPT) na aproximação com as categorias profissionais. Ela frisou que, na maioria dos casos, ocorre harmonia de interesses entre o movimento sindical e o MPT, na medida em que o foco da atuação de ambos é tutelar os direitos, sejam individuais ou coletivos.
Antes dela, a chefe da Seção de Relações do Trabalho da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Minas Gerais (SRTE/MG), Alessandra Parreiras, apresentou palestra em que esclareceu os presentes sobre temas atuais, como a jornada de trabalho e as implicações do excesso de carga horária para o trabalhador e família.
OUÇA A ÍNTEGRA DAS ENTREVISTAS, EM ARQUIVOS ANEXOS: CINTIA LIMA (Z0000106.MP3); CLAUDETE GOMES DA SILVA (Z0000107.MP3); ANA CLAUDIA NASCIMENTO GOMES (Z0000109.MP3), MIROMAR PONCIANO DE ANDRADE (Z0000110.MP3), e SANDRA REGINA BARBEIRO (Z0000111.MP3)
Renato Ilha, jornalista (MTE 10.300)