União Geral dos Trabalhadores

Corrente Comerciária: exemplo para todas categorias

31 de Outubro de 2014

BELO HORIZONTE/MG – Amauri Mortágua é primeiro secretário da Federação dos Comerciários de São Paulo (Fecomerciários), presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Tupã e vereador do município. Ele foi destacado para receber, das mãos do presidente José Cloves Rodrigues, placa em que o Sindicato dos Empregados no Comércio de Belo Horizonte e Região (SECBHRM) reconhece o papel da liderança de Luiz Carlos Motta, que preside a federação, em favor da classe, em nível nacional.

Presente na Plenária Nacional dos Dirigentes Sindicais Comerciários da União Geral dos Trabalhadores, realizada em 30 e 31/10, no centro de convenções do Dayrell Hotel, no Centro da Capital mineira, o parlamentar sindicalista falou com autoridade da questão da influência e da participação política do movimento sindical, já abordada por outros dirigentes, como José Francisco Pereira, presidente da UGT do Pará e Amapá e que também é deputado estadual paraense.

CORRENTE COMERCIÁRIA - Mortágua relatou o trabalho desenvolvido em São Paulo, com nome de Corrente Comerciária, de caráter suprapartidário, que, em 2012 - antes da sanção da Lei 12.790 - apresentou ao eleitorado 46 candidatos a vereador da categoria, dos quais 12 foram eleitos. Conforme disse, o índice de êxito dos candidatos comerciários é desejado por qualquer partido. O vereador destacou que o trabalho de conscientização pela participação política, realizado pelo grupo, resultou na decisão de lançar a candidatura de Luiz Carlos Motta, presidente da Fecomerciários, que uniu a maioria do sindicalismo do setor e de outras categorias, por meio da UGT. Motta obteve mais de 95 mil votos, ficando entre os 50 mais votados e ocupando a primeira suplência, somente não se elegendo devido à aplicação de critérios da lei eleitoral, relativamente à coligação de que participou.

Para Amauri Mortágua, o alcance do trabalho dos sindicatos tem limite, “indo até certo ponto”, disse. As conquistas da ação sindical atingem determinado nível, precisando de respaldo político para ir além. O respaldo nem sempre vem de quem apoiamos, se este candidato não ligado ao movimento social. Por tal razão – explica o presidente do Sincomerciários de Tupã -, é preciso investir no processo informação das lideranças. Ele cita a promoção do 11º Seminário de Conscientização, em dezembro, que procura esclarecer o equívoco de interpretação dos candidatos de que o simples fato de ele pertencer à categoria não garante a fidelização dos votos do eleitorado.

DIFERENCIAÇÃO - Na concepção do secretário da Fecomerciários, o trabalhador diferencia o que é política e o que é sindicato, da mesma forma como distingue celebridade de político, o que explica a decepção de personalidades da mídia diante do fracasso eleitoral. O empenho desenvolvido pela Corrente Comerciária se volta para esclarecer tais fatores, a partir da publicação de cartilhas, gibis e – ressalta Mortágua – presença constante nas empresas, não somente no período eleitoral. A compreensão da importância do trabalho da Corrente foi reconhecida pelo presidente nacional da UGT, Ricardo Patah, a ponto de levar o modelo para outras categorias, de maneira a recuperar o espaço perdido no Congresso Nacional, no qual a bancada sindical reduzida de 81 para 44 representantes.

SINDICALISMO TRADICIONAL EM CHEQUE - O entendimento de que o sindicalismo tradicional também está em cheque e não está sendo mais aceito pela população, é uma das mensagens que estão sendo enviadas, disse Mortágua. A forma de transformar o voto sindical em um voto eleitoral está em aumentar a proximidade com o trabalhador, permanentemente. Falando a dependência que os Comerciários têm das câmaras de vereadores, em razão da influência sobre o funcionamento do comércio local e do horário de trabalho no setor, haverá o empenho para sejam eleitos 100 vereadores ligados à classe, que servirão de base para o lançamento de candidatos às assembleias Legislativas e à Câmara Federal, em Brasília.

“A existência de representantes comprometidos com as causas da classe facilitaria a aprovação de leis em favor da classe, bem diferente do que foi a Lei 12.790, que apenas reconheceu a profissão de comerciário, sem, no entanto, estabelecer piso nacional, turnos de seis horas e extinção do banco de horas”, afirmou o vereador comerciário, lamentando o fato de, em que pese os Comerciários comporem a mais antiga e maior categoria profissional, somente em 2013 conseguir o reconhecimento legal, mas ainda insuficiente.

COMUNICAÇÃO NA ERA DIGITAL – Em plena vigência da era digital, na qual as pessoas se comunicam via internet, Ademir Mortágua citou ações bem sucedidas nesse sentido, como a convocação de uma festa, em Tupã, convocada por emissão de torpedos para os trabalhadores. Ele ressalvou que a mídia impressa ainda possui espaço, mas deve ser adequada à atualidade, com a publicação de edições com textos curtos e mensagens objetivas, ilustradas com imagens e fotografias.

Uma experiência que deu certo foi a publicação de gibi, distribuída nas lojas e mesmo em escolas. A proposta de leitura fácil e imaginativa fez com que os filhos levassem aos pais o livreto, que continha a mensagem que o sindicato desejava transmitir. Mortágua prega que será preciso lançar mão de todos os recursos existentes, como redes sociais, considerando, inclusive, a faixa etária da maioria dos Comerciários, ao redor dos 30 Anos de idade.

 

Renato Ilha, jornalista (MTE 10.300)

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