União Geral dos Trabalhadores

Com mais 3,26% dos votos válidos, Dilma vence e prega “unidade”

26 de Outubro de 2014

BRASÍLIA/DF - A candidata Dilma Rousseff (PT) foi reeleita presidente da República, em 26/10, com aproximadamente três milhões de votos a mais que Aécio Neves (PSDB), na eleição mais acirrada da história do país. O PT conquistou a quarta vitória seguida, em processo dominado pelo debate sobre economia e denúncias de corrupção, assuntos presentes nas eleições disputadas pelos dois partidos, desde 2006. Naquele ano, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) derrotou Geraldo Alckmin (PSDB) por diferença de sete milhões de votos. Em 2010, Dilma derrotou José Serra por 12 milhões de votos.

A Coligação “Com a Força do Povo” (PT, PMDB, PDT, PCdoB, PR, PSD, PRB, PP e PROS) obteve 51,63% dos votos válidos, contra 48,37% da Coligação “Muda Brasil” (PSDB, Democratas, PEN, PMN, PTB, PTN, PTdoB e Solidariedade), ou 3,26% de superioridade.

PONTOS CRÍTICOS - Mesmo pregando "unidade" ao país no discurso de vitória, a presidente não citou o candidato derrotado. Ela prometeu mudanças, combate à corrupção e reafirmou disposição ao diálogo, como primeiro compromisso do segundo mandato.

A campanha de Dilma Rouseff enfrentou dois momentos críticos. O primeiro quando Eduardo Campos (PSB) morreu em desastre aéreo e Marina Silva assumiu a candidatura, aparecendo na frente da petista nas simulações do segundo turno.

O segundo momento quando, na primeira semana do segundo turno, foi ultrapassada por Aécio Neves, fato que levou a candidata a criticar o desempenho de Aécio quando governador de Minas Gerais.

VITÓRIA EM MINAS, RIO E NORDESTE - Dilma venceu em Minas no segundo turno, com aproximadamente 500 mil votos a mais que Aécio. Também ganhou com boa margem no Rio de Janeiro, com vantagem de 800 mil votos, compensando a superioridade do oponente em São Paulo e no Sul. Dilma venceu no Nordeste, com mais de 71% da votação, mas perdeu em de São Paulo – maior colégio eleitoral do país -, onde Aécio obteve vantagem de quase sete milhões de votos.

À exceção de Minas Gerais, governará Estados com colégios eleitorais pouco expressivos. A bancada petista encolheu na Câmara dos Deputados – foi de 88 para 70, em cenário em que a chamada base aliada perde espaço, caindo de 365 cadeiras para 336, enquanto o bloco oposicionista cresceu de 148 para 177 cadeiras. No Senado, os aliados do governo perderam vagas, passando de 53 para 51 cadeiras, de 81 existentes. Já a oposição cresceu, saindo de 18 cadeiras para 27.

PMDB VENCE EM MAIS ESTADOS - No campo da disputa estadual, o PMDB foi o maior vencedor, ao eleger sete governadores. PT e PSDB empataram em cinco, com destaque da perda de três estados pelo partido de Aécio Neves. O PSB também perdeu a metade de governos estaduais, caindo de seis para três estados governados pela legenda.

Durante a campanha, Dilma foi questionada sobre o desempenho na área da econômica, com avanço da inflação e o desemprego, que apresenta sinais de alta no Sudeste, mas continua baixo no Nordeste. Em setembro, a Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE apontou índice de 4,9% entre os desempregados. O pequeno nível de crescimento da economia, projetado para menos de 0,5% este ano, e a crise de confiança dos investidores, surgem como desafios do segundo mandato.

 

Renato Ilha, jornalista (MTE 10.300)