União Geral dos Trabalhadores

Centrais repudiam PEC 68 e privatização de estatais

18 de Julho de 2014

BELO HORIZONTE/MG - A campanha contra a privatização das estatais mineiras foi o tema dominante da reunião das centrais sindicais, realizada na sede da UGT-Minas, em 17/07, no Centro da Capital mineira. Em pauta, a condenação à Proposta de Emenda Constitucional 68/14 (PEC 68), que autoriza a privatização da Companha de Gás de Minas Gerais (Gasmig) e de setores da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), como a Cemig Telecom, Cemig Distribuição e Cemig Geração e Transmissão.

Diretor de Comunicação da UGT-Minas, Fabian Schettini representou o presidente interino José Cloves Rodrigues, no encontro que reuniu a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central Sindical e Popular Conlutas, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), e entidades como o Sindicato dos Técnicos de Segurança no Trabalho de Minas Gerais (Sintest-MG), Sindicato dos Trabalhadores no Comércio de Minários e Derivados de Petróleo de Minas Gerais (Sintramico-MG), Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais (Sindieletro-MG) e Sindicato dos Engenheiros de Minas Gerais (Senge-MG).  

ÀS PRESSAS - Os sindicalistas condenaram a ideia do governo estadual de realizar a alteração na Constituição às pressas - em época eleitoral e de Copa do Mundo de Futebol, e no apagar das luzes da legislatura - a partir da união com a empresa multinacional Gás Natural Fenosa, criando o maior grupo privado de distribuição de gás no Brasil, com monopólio da região Sudeste.

O coordenador do Sindieletro-MG, Jairo Nogueira Filho, cobra o arquivamento da PEC 68/14 e a realização de consulta popular sobre a construção do gasoduto, que levará gás da Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim, para uma fábrica de amônia da Petrobrás, em Uberaba. Para o sindicalista, os recursos podem ser buscados na própria Cemig, no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ou na Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig).

A PEC 68/14 abre a possibilidade de venda do controle acionário de empresas não controladas diretamente pelo Estado, sem autorização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Para Carlos Magno, vice-presidente da CUT-MG, José Antônio de Lacerda (Jota), vice-presidente estadual da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB-Minas) e Oraldo Paiva, da CSP Conlutas, será preciso articular ações conjuntas, uma vez que o tema extrapola a esfera dos eletricitários. Celina Areas, da CTB nacional, sugeriu a confecção de material de divulgação com maior objetividade, de forma a chamar a atenção do grande público. José Eustáquio de Castro, do Sitramico-MG, alertou para o perigo que corre a categoria que representa, ameaçada de perda de empregos.

PRESSÃO INTERNACIONAL - Após a aquisição da companhia eléctrica Unión Fenosa, terceira do mercado espanhol, a multinacional Gas Natural Fenosa passou a integrar os negócios de gás e eletricidade.

É a maior companhia integrada em gás e eletricidade da Espanha e América Latina, líder em comercialização de gás natural na península Ibérica e primeira distribuidora de gás natural da América Latina. A empresa possui frota de 11 navios metaneiros, que são navios tanque destinados ao transporte de gás liquefeito (GNL) das unidades de liquefação de gás natural aos postos de regaseificação, localizados em pontos próximos às unidades de distribuição de gás natural. 

Operador de referência de GNL/GN da bacia atlântica e mediterrânea, onde opera 30 bcm, a Gas Natural Fenosa está presente em 25 países e conta com cerca de 20 milhões de clientes e atua com potência instalada de 15,4 Gigawatts.

TRAGÉDIA ANUNCIADA - Os sindicalistas também repudiaram a falta de prevenção e segurança no trabalho, em Santo Antônio do Monte, município do Centro-Oeste mineiro, no qual uma explosão em fábrica de fogos de artifício, ocorrida na manhã de 15/07, ocasionou a morte de quatro pessoas que manuseavam pólvora no barracão do setor de bombas numeradas da fábrica Fogos Globo, destruído após o sinistro.

A produção de fogos de artifício é a principal atividade econômica da cidade, que também é conhecida pelas tragédias, como a ocorrida há cerca de 20 anos, quando 13 pessoas morreram. A cidade é o segundo maior polo de fabricação de fogos de artifício do mundo, perdendo apenas para a China. Com 27 mil habitantes no município, o setor emprega direta e indiretamente 15 mil pessoas.

A próxima reunião entre as Centrais foi agendada para o dia 07 de agosto, às 10h, no mesmo local.

 

Renato Ilha, jornalista (MTE 10.300)

 

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