União Geral dos Trabalhadores

Reajuste com ganho real, em 2014, deve manter resultado de 2013

28 de Abril de 2014

SÃO PAULO/SP - A proporção de ganhos acima da inflação deve registrar, em 2014, resultado próximo ao de 2013, conforme prognóstico do Departamento Intersindical de Estatística  e Estudos Sócio-Econômicos (DIEESE). 

A previsão tem base em balanço da entidade, divulgado no começo de abril, no qual 2,87% dos reajustes salariais de 671 unidades de negociação realizadas em 2013 ficaram acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na avaliação do coordenador de Relações Sindicais do DIEESE, José Silvestre Prado de Oliveira, a previsão depende da variação da inflação e do crescimento da economia. Em 2013, o Produto Interno Bruto (PIB) avançou 2,3%.

O mercado de trabalho acompanha a mesma direção, sem alteração do ponto da taxa de desemprego, fatores que favorecem os resultados dos reajustes salariais em trajetória de estabilidade. Silvestre considerou que somente a alta da inflação possa gerar dificuldade na conquista de ganhos reais de salários.

MARCHA LENTA – Relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI)), divulgado em 24/04, em Lima, no Peru, intitulado "Perspectiva Econômica Regional para o Hemisfério Ocidental", prevê ritmo lento, com inflação elevada.  Mesmo diante da alta de juros, promovida pelo Banco Central, a previsão do FMI é de que o Brasil cresça 1,8% este ano, uma das menores taxas de expansão das Américas.

Excluindo Argentina e Venezuela, apenas países pequenos da região - Santa Lúcia, Jamaica, Granada, Antígua e Barbuda, Dominica, Barbados e El Salvador - devem ter expansão menor que a economia brasileira este ano, segundo o relatório do Fundo. O relatório indica os Estados Unidos como destaque, com prognóstico de crescimento de 2,8%, em 2014.

O Fundo estima que a Argentina expanda a economia em 0,5% e a Venezuela encolha 0,5%. A projeção do FMI para o Brasil situa o a elevação econômica em 2,5%. Já o México, com expansão estimada de 3%, desponta com evidência, enquanto o Panamá deve figura com o maior crescimento do PIB, de 7,2%.

O fraco desempenho brasileiro é atribuído a um conjunto de fatores, entre eles a desconfiança dos empresários e os gargalos na infraestrutura, que desestimulam o investimento privado e contribuem para a perda de competitividade do país.

EXCLUSÃO DE JOVENS - O relatório “Trabalho Decente e Juventude na América Latina: Políticas para Ação”, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), acusa a existência de 21,8 milhões dos latino-americanos entre 15 e 24 anos que não estudam, nem trabalham, índice correspondente a 20,3% dos jovens. Destes, 21,8 milhões denominados “nem-nem”, 30% são homens e 70%, mulheres.

Aproximadamente 25% dos jovens relacionados (5,25 milhões) buscam trabalho, mas não conseguem; 16,5 milhões não trabalham, nem buscam emprego e cerca de 12 milhões se dedicam a afazeres domésticos. Mulheres jovens constituem 92% do grupo.

A OIT considera cerca de 4,6 milhões de jovens como “núcleo duro” dos excluídos, sob risco de exclusão social, já que não estudam, não trabalham, não procuram emprego e tampouco se dedicam aos afazeres domésticos.

Os países com maior percentual de jovens “nem-nem” são Honduras, com 27,5%, Guatemala, com 25,1%, e El Salvador, com 24,2%. Os países com menor percentual são Paraguai, com 16,9%, e Bolívia, com 12,7%. No Brasil, 19% de jovens não trabalham, nem estudam.

O relatório da OIT destaca positivamente o fato de que, apesar de as estatísticas laborais não serem alentadoras, a porcentagem de jovens que somente estudam aumentou de 32,9%, em 2005, para 34,5%, em 2011.

 

Renato Ilha, jornalista (MTE 10.300)