Em estudo, DIEESE identifica resultados da ação sindical em obras da Copa 2014
SALVADOR/BA - Estudo aponta que ação sindical resultou em ganhos reais de salário de até 7,35% aos operários da construção que trabalharam nos estádios que irão sediar os jogos do mundial A aliança dos sindicatos dos trabalhadores da construção, liderados pelo sindicato global ICM (Internacional de Trabalhadores da Construção e da Madeira), garantiu mais do que o respeito aos direitos trabalhistas, representou ganhos reais superiores às demais categorias aos operários da construção que trabalharam nas reformas e construções dos estádios nas cidades sede da Copa 2014.
A conclusão é preliminar de estudo feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), divulgado durante os trabalhos da 3ª Conferência Regional para a América Latina e o Caribe da ICM, que acontece de 31 de março a 02 de abril, em Salvador, Bahia. A ICM foi a instituição que solicitou esse estudo ao instituto brasileiro.
“Entre os resultados da ação sindical desenvolvida pelos sindicatos em conjunto com a ICM em razão da Campanha pelo Trabalho Decente antes, durante e depois da Copa 2014 destacam-se os ganhos reais dos trabalhadores das doze cidades sedes, que foram acima da média dos ganhos reais de todas as categorias e acima da média do próprio setor da construção”, afirmou o coordenador de relações sindicais do DIEESE, Silvestre Prado. O levantamento aponta que os ganhos reais, descontada a inflação do período, variaram entre 0,78% a 7,35%, sendo que em 2012 a média foi 4,10%, a melhor do período analisado.
GANHOS ADICIONAIS - A pesquisa também mostra outros ganhos na dimensão econômica, como adicionais de hora extra e adicional noturno com percentuais acima do que prevê a legislação, e ganhos do ponto de vista da organização dos trabalhadores no local de trabalho, com a constituição de comissões de representações para negociar com as empresas.
Outro aspecto destacado foi a ocorrência de pelo menos uma greve em todos as obras dos estádios. “Para que os trabalhadores conseguissem esses ganhos foi necessária a greve. Em muitos casos foi a greve que abriu as negociações. Computamos 26 greves, equivalente a 1.165 horas de trabalho paradas entre 2011 e 2013, números que abarcam tanto greves rápidas, de horas, como as que duraram dias”, disse Silvestre.
Os dados utilizados no estudo, que será finalizado antes do início da Copa 2014, tiveram como base o ano de 2009, com o início das construções e reformas dos estádios, até final de 2013. Mas destaca-se que 2011 e 2012 foram os anos de mais ações sindicais, pois nesse período todos os estádios estavam em construção, ou em reforma. A Campanha Trabalho Decente na Copa no Brasil e a Campanha Trabalho Decente - antes, durante e depois da COPA 2014 - tiveram início em 2011, organizando reuniões com governos locais, visitas a estádios e realização de assembleias com trabalhadores nos locais de trabalho, ações que contribuíram para selar acordo nacional tripartite prevendo a melhoria das condições de trabalho e segurança para os trabalhadores.