União Geral dos Trabalhadores

Em “estado de greve”, Frentistas mineiros aguardam proposta

31 de Janeiro de 2014

BELO HORIZONTE/MG - Após sete rodadas de negociação e a intermediação da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE/MG), os Frentistas da Capital entraram em “Estado de Greve” e preparam a paralisação de mais de 300 postos de gasolina da Região Metropolitana.

Foi o que disse Possidônio Valença de Oliveira de Oliveira, presidente do Sindicato dos Empregados em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo de Belo Horizonte e Região (Sinpostpetro/BH), ao deputado federal e presidente da UGT-Minas, Ademir Camilo, em reunião realizada na sede da Central, no Centro de BH, na tarde de 30/01 (foto).

Possidônio classificou de intransigente a postura do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro) após o encontro do dia 21/01, na SRTE/MG, no qual foi reapresentada a proposta de 6% de reajuste no salário base (R$ 730,80), o correspondente a R$ 43,84 de majoração, índice considerado “insignificante e digno de revolta”, enquanto os trabalhadores reivindicam aumento salarial de 12%.

Também não houve manifestação dos representantes das empresas no tocante aos pedidos de elevação do valor da cesta básica, dos atuais R$ 60,00 para R$ 100,00, e na Participação nos Lucros e Resultados (PLR) no equivalente a um piso da categoria.

NOVAS RODADAS - O Sinpospetro, com base em 50 municípios e à frente de 10 mil empregados, juntamente com outras entidades que representam mais de 30 mil trabalhadores dos postos de gasolina de Minas Gerais, volta a se reunir com o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro), na sede da entidade patronal, dia 04/01, e novamente, na SRTE/MG, em 06/01 ambas em Belo Horizonte, na tentativa de fechamento da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), aberta desde o primeiro dia de novembro. .

A exemplo do que aconteceu em anos anteriores, o Sinpospetro/BH  participa das negociações com o Minaspetro, em conjunto com o Sindicato dos Trabalhadores em Postos de Serviços de  Combustíveis e Derivados de Petróleo de Juiz de Fora e Região (Sintraposto/MG); Sindicato dos Empregados em Postos de Combustíveis e Derivados de Petróleo de Uberaba e Região; e Sindicato dos Trabalhadores em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo, Lava-Rápido e Troca de Óleo do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, e a Federação Nacional dos Empregados em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo (Fenepospetro), que representa os frentistas de localidades onde não há base territorial de sindicato da categoria.

LUCRATIVIDADE ALTA - Os sindicalistas acusam os empresários de “bater recordes de faturamento à custa do empobrecimento da classe, exposta a riscos de assalto e à insalubridade do material comercializado”.

Informações do Sindicato das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom) dão conta de que a comercialização do produto foi de 5,2%, mais que o dobro do projetado para a economia como um todo. A entidade ainda revelou que a alta do ano passado, possibilitada pela vendagem de 125 bilhões de litros, se repete desde 2010. Em Minas Gerais, conforme atestam dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), houve crescimento de 9%, com destaque para as vendas de etanol. O Sindicom ressalta que a comercialização do produto foram favorecidas pelo incremento da oferta e preço vantajoso inferior a 70% da gasolina.

Outro favor que influenciou o bom desempenho do hidratado foi a exoneração do PIS e Cofins. A redução da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) incidente sobre o etanol em Minas Gerais caiu de 22% para 19%. Com a desoneração, o produto ganhou margem de lucro maior e o etanol chegou mais competitivo nas bombas.  

Os números da ANP, que podem ser consultadas no site do órgão, demonstram que as revendas de Minas Gerais seguem os mesmos preços de postos de outros estados. A margem de lucro do líquido etanol, por exemplo, é maior do que São Paulo.

FLOR QUE NÃO SE CHEIRA – O Sinpospetro agendou reunião com o ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho, dia 13/02, em Brasília, para reivindicar a condição da Aposentadoria Especial para os Frentistas, perdida no Governo Fernando Henrique Cardoso, que dará à categoria o direito de se aposentar aos 25 anos de serviço, ao invés dos 35 anos vigentes.

O pleito leva em consideração o contado do frentista com o benzeno, líquido incolor, inflamável, com cheiro característico e que evapora facilmente. É uma substância presente naturalmente no petróleo e combustíveis derivados dele, como a gasolina. Também é formado durante a queima dos combustíveis carvão e cigarro.

A substância tóxica pode causar efeitos prejudiciais à saúde, mas a primeira condição para isso ocorra é o contato ou penetração no corpo, por meio da respiração e ingestão. Mesmo a utilização de uniforme não diminui a absorção pelo organismo.

O produto diminui a capacidade do organismo de produzir glóbulos vermelhos, o que provoca anemia e diminui a produção de glóbulos brancos (leucócitos) e enfraquece as células de defesa do corpo, podendo causar cegueira, câncer e impotência sexual.

A preocupação do sindicato é tal que a entidade promove campanha intitulada “O Benzeno Não é Flor que se Cheire”, levada a conhecimento dos trabalhadores nos postos de gasolina.

 

Ouça a íntegra da entrevista em arquivos anexos Z0000222.MP3

 

 

Renato Ilha, jornalista (MTE 10.300)

 

 

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