Comerciários de BH e Região se mobilizam em campanha salarial
BELO HORIZONTE/MG – Comerciários de Belo Horizonte e de Betim, com data-base em março, se movimentam para resgatar a perda salarial, que deverá superar a marca de 6%.
Mais que cobrar a reposição salarial de um ano inteiro, a categoria quer adicionar aumento real nos salários e ampliar os benefícios que melhorem a vida do trabalhador como um todo.
A ideia é avançar no campo social, que são ganhos salariais indiretos, ressalta Celma Alves, presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Betim e Região (SEC-Betim), que vê na campanha salarial a possibilidade de ir além do campo meramente econômico, escrevendo na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) cláusulas que influenciem na vida do trabalhador e os dependentes, o que ela chama de família comerciária.
O pedido de reajuste totaliza 22,4%, entre reposição salarial e aumento real, somado a um abono de R$ 350,00 nos salários em geral e elevação do piso em R$ 1.200,00.
O combate à estressante jornada de trabalho da classe, uma das que mais trabalha no mercado, se expressa na proposta de redução para da carga horária para 36 horas semanais, a partir da constatação de que o longo período trabalhado é o principal causador de doenças profissionais, como estresse, depressão e tendinite, conhecidas como “doenças invisíveis”.
RESPONSABILIDADE SOCIAL - A proposta de assistência médica e odontológica para a categoria, incluindo os dependentes, é comum na campanha dos dois sindicatos. José Cloves Rodrigues, presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Belo Horizonte e Região Metropolitana (SECBHRM), destaca o interesse da classe em conquistar avanços adicionais ao salário pago mensalmente. O sindicalista destaca os itens de fornecimento de cesta básica e o tíquete refeição ou alimentação, que ajudam no orçamento familiar.
Uma rotina de ações para melhorar o ambiente de trabalho, com ajustamento das condições às Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) dá ao SECBHRM autoridade para cobrar do empresariado maior comprometimento com a humanização do setor.
Aliás, a prática da responsabilidade social também está presente na campanha dos Comerciários de Betim e Região: a pauta de reivindicações inclui a proposta de Participação nos Lucros e Resultados (PLR), mecanismo de redistribuição de renda que já vigora há anos na indústria, mas que encontra forte resistência no setor do comércio.
“A PLR é um dos instrumentos mais modernos de incentivo para a produtividade no mundo, que precisa chegar com urgência em Betim”, assinala a presidente do sindicato.
MOMENTO ESTÁVEL NO COMÉRCIO - O registro de inadimplência no país recuou 4,44% no mês de dezembro de 2013, na comparação com dezembro de 2012, na quarta queda consecutiva calculada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).
A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE, se manteve acima do centro da meta do governo (4,5%), pelo quarto ano consecutivo, em 2013. Sem parar de subir, os preços roeram a renda dos trabalhadores e reduziram o poder aquisitivo.
Na comparação com novembro de 2013, as vendas registraram alta de 28,65%, conforme o SPC Brasil. Nos 12 meses de 2013, o crescimento médio do varejo foi de 4,12%, enquanto a massa salarial cresceu só 3% nos 10 primeiros meses de 2013, de acordo com o Banco Central.
O BOOM DA COPA - Para ajudar, tanto o comércio, como indústria e setor de serviços vão faturar alto com a Copa do Mundo. Estimativa do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) aponta que a economia brasileira produzirá R$ 142 bilhões a mais, entre 2010 e 2014. A Copa do Mundo de Futebol vai produzir surpreendente efeito cascata nos investimentos realizados no País, com a economia deslanchando como bola de neve.
Junto aos gastos aplicados na ampliação da infraestrutura e organização (em torno de R$ 25 bilhões), o período 2010-2014 deve gerar 3,63 milhões de empregos/ano e R$ 63,48 bilhões de renda para a população, impacto direto no mercado de consumo interno e na arrecadação tributária, projetada em mais de R$ 18 bilhões nos cofres de municípios, estados e federação.
Renato Ilha, jornalista (MTE 10.300)