Em termos educacionais, Brasil é “mau aluno”
BRASÍLIA/DF - A posição brasileira no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês), divulgado em 03/12/13, é a prova de que é preciso inverter radicalmente os conceitos nacionais de investimento.
O Pisa - principal meio de avaliação global sobre a qualidade da educação básica - é organizado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que reúne países industrializados, e realiza exames com alunos de 15 anos de idade em 65 nações.
No Brasil, os avanços na área educacional são notados em comparação ao próprio desempenho do país e não relativamente aos outros. A performance brasileira melhorou em matemática, com 391 pontos, uma pontuação melhor do que 2003, quando era de 356.
Mas, na comparação com a província chinesa de Xangai, que está no topo do ranking, nossa real situação aparece: os asiáticos atingiram 613 pontos em matemática, com 222 pontos a mais que os alunos brasileiros e 119 acima da média dos países analisados.
Mesmo com a melhora de rendimento, o Brasil está muito abaixo da média em Matemática, ocupando um lugar entre a 57ª e a 60ª posições no ranking de 65 economias globais. Na área de Leitura, o país também vai mal, está entre a 54ª e a 57ª colocações. Já em Ciências, os estudantes brasileiros estão, mais uma vez, entre a 57ª e a 60ª posições.
Investir em Educação é o “X” da questão
No ano de 1982, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) aprovou a Lei Orgânica do Direito à Educação (LODE), que ordenava o conjunto de mudanças na educação. Em 1990, foi aprovada a Lei de Ordenação Geral do Sistema Educacional (LOGSE), através da qual o governo determinou os conteúdos mínimos para garantir uma formação comum a todos os alunos.
Enquanto em 2014 o Brasil sediará a Copa do Mundo de Futebol e exibirá ao mundo uma precária infraestrutura – com estádios, aeroportos, transportes, estradas, hotéis, comunicações de baixa qualidade - no mesmo ano a Coréia do Sul vai abolir os livros de papel em todas as suas escolas: 100% dos alunos sul-coreanos usarão tablets eletrônicos.
Um programa de 2 bilhões de dólares conectará todos os alunos da escola primária na internet. Em 2015, será a vez dos alunos da escola secundária. Na América Latina, neste item, destaque é o Uruguai, que tem um computador para cada aluno da escola primária.
A Coréia do Sul apostou na educação.
Renato Ilha, jornalista (MTE 10.300)