União Geral dos Trabalhadores

Teste rápido de HIV e novo protocolo no combate à Aids no Brasil

01 de Dezembro de 2013

RIO DE JANEIRO/RJ - O Dia Mundial de Combate à Aids - 1º  de dezembro – foi marcado por anúncio de mudanças no atendimento à pessoas portadoras do HIV. Conforme o Ministério de Saúde, assim que for diagnosticada a doença, a pessoa receberá o tratamento imediato pela rede pública. O objetivo da medida é reduzir as possibilidades de transmissão e oferecer melhor qualidade de vida ao paciente, que será tratado com antirretrovirais.

O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério, Jarbas Barbosa, explicou que o tratamento reduz a carga viral e diminui a propagação do HIV.  Com a mudança de protocolo, a estimativa é incluir mais 100 mil pessoas no tratamento, em 2014. Desde o início da oferta de antirretrovirais pelo sistema de saúde, há 17 anos, 313 mil pessoas foram atendidas.

O ministro advertiu que é preciso vencer o medo de fazer o teste, pois quanto antes a infecção for detectada mais cedo é possível melhorar a qualidade de vida e diminuir o risco de transmissão, disse, reforçando que apenas com um furo no dedo a contaminação ou não pela doença podem ser identificadas. São 700 mil novos casos de pessoas infectadas pelo HIV por ano, das quais em torno de 150 mil desconhecem que a contaminação pelo vírus, esclarece Padilha. O teste também é rápido: dura cerca de 30 minutos. A ideia é efetuar 1,7 mil testes por mês.

O governo estuda a ampliação da profilaxia contra a doença na rede básica de saúde. A meta é oferecer medicamento de prevenção, que deve ser tomado em 72 horas após a provável exposição ao HIV.

Antes de anunciar as medidas, Padilha pediu um minuto de silêncio em memória do produtor musical João Araújo, pai de Cazuza, que faleceu anteontem. O ministro lembrou que o cantor foi uma das primeiras celebridades a declarar publicamente ser portador do HIV.

FOCOS NO SUL E NORTE - Segundo o governo, dois Estados do País chamam a atenção em relação ao HIV, segundo estatísticas de 2012. No Amazonas, o problema é a elevada taxa de mortalidade. Já entre os gaúchos, a taxa de detecção é a mais elevada. Por lá, são feitos 41,4 diagnósticos a cada 100 mil habitantes, ante 20,2 na média do Brasil. Só em Porto Alegre, essa proporção é de 93,7 casos. Para a coordenadora da Unaids (órgão das Nações Unidas para o combate à aids) no Brasil, Georgiana Braga, o Rio Grande do Sul vive uma epidemia.

O Ministério da Saúde informou estar adotando no Rio Grande do Sul e Amazonas o chamado Teste o 3 em 1: três remédios diferentes para Aids em um só comprimido. Os medicamentos antirretrovirais passarão a ser usados no País para prevenir a infecção pelo HIV.

No mundo, desde 2001, o número de novas infecções caiu 33%, enquanto as mortes em decorrência da Aids tiveram queda de 29%. Em relação à transmissão vertical (de mãe para filho), a queda é de 51%. Os dados foram apresentados por Georgiana. Ainda assim, 35,3 milhões de pessoas têm aids no planeta e apenas 9,7 milhões têm acesso a algum tipo de tratamento.

SÍNDROME - A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (no inglês, Acquired immunodefiecience syndrome), conhecida como Aids, surgiu nos anos 80 com os primeiros casos identificados nos Estados Unidos, quando médicos notaram casos raros de pneumonia em pacientes, mas não se enquadravam no público de risco. O traço comum entre esses pacientes era o fato de serem homossexuais. Ao mesmo tempo foram encontrados casos de pessoas com uma forma rara de câncer o sarcoma de Kaposi, também em jovens do sexo masculino homossexuais, o que levou a conclusão que SE tratava de uma doença transmitida via sexual.

No Brasil, o primeiro registro da ocorrência foi em 1982, em São Paulo, em um jovem homossexual. Por causar uma deficiência progressiva da imunidade recebeu o nome de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. O primeiro dia de dezembro é conhecido como o Dia Mundial de Combate à Aids, uma epidemia que desde 1980 até junho de 2012 registrou 656.701 casos em que a doença já se manifestou no Brasil. A faixa etária mais incidente, em ambos os sexos, é de 25-49 anos.

Ela pode ser transmitida via sexual, por meio de seringas ou agulhas infectadas, por transfusões de sangue, durante o parto ou na amamentação. Ainda não foi encontrada a cura para a doença, sendo o melhor remédio a prevenção. O uso do preservativo (camisinha) apresenta eficácia preventiva de 90 a 95%, por serem impermeáveis à passagem do vírus. Outras formas de prevenção são a redução do número de parceiros sexuais e a proteção também durante o sexo oral. Ainda, o tratamento das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST); o não compartilhamento de agulhas ou seringas; a exigência de material descartável na coleta de sangue; exames com frequência ao dentista. Para as mulheres portadoras do vírus é recomendável que evitem a gravidez e, no caso de gestação, o pré-natal deve iniciar imediatamente, com ingestão dos antirretrovirais, de acordo com indicação médica.

TESTE RÁPIDO DE HIV DEVE SER VENDIDO NAS FARMÁCIAS, A PARTIR DE FEVEREIRO

Para facilitar o diagnóstico do HIV e antecipar o tratamento de pessoas que podem desenvolver a aids, o Ministério da Saúde deve autorizar a venda, em farmácias, de um teste rápido para detectar o vírus, a partir de fevereiro de 2014. Produzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o exame é feito em 20 minutos, com coleta de saliva pela própria pessoa, e deverá custar R$ 8.

A informação foi confirmada pelo Diretor do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do ministério, Fábio Mesquita. O teste rápido de HIV preserva a confidencialidade, ao permitir que a pessoa vá à farmácia e faça o teste em casa. A segunda vantagem é a rapidez para chegar ao resultado de um exame normal.

 

Renato Ilha, jornalista (MTE 10.300)