Em média, salário de negros é 36% menor, aponta Dieese
SÃO PAULO/SP – Os negros brasileiros carecem de igualdade de oportunidades e acabam ocupando cargos de menor qualificação. Em consequencia, recebem salários mais baixos, como mostra o estudo "Os Negros no Mercado de Trabalho", divulgado dia 13/11, pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
A pesquisa revelou que um trabalhador negro ganha em média 36,11% a menos que um trabalhador não negro. No entanto, o levantamento não compara salários dos dois segmentos em cargos iguais. Apenas verifica quanto recebem negros e não negros em diferentes setores de atividade e faz uma média.
A pesquisa identifica o segmento de negros composto por pretos e pardos e o de não negros englobando brancos e amarelos.
Em São Paulo, entre os anos de 2011 e 2012, a proporção de ocupados negros nas áreas da Construção - nos empregos de pedreiro, servente, pintor, caiador e trabalhador braçal - era de era de 67,4%. Para os não negros, o mesmo porcentual caia para 52,6%.
Da mesma forma, no setor de Serviços, em São Paulo, negros ocupavam 22,8% dos empregos de faxineiro, lixeiro, servente, camareiro e empregado doméstico. Os não negros apareciam com o porcentual era de 11,1%.
O estudo demonstra que os negros se concentram em ocupações de menor prestígio e valorização e que pagam salários mais baixos. "O problema está na falta de oportunidades iguais para negros e não negros para que alcancem postos de trabalho de maior valor", disse a economista Lúcia Garcia, coordenadora do Sistema Pesquisa Emprego e Desemprego (Sistema PED) do Dieese.
Como agravante, os negros encontram dificuldades maiores em chegar a cargos de direção e planejamento. No caso de São Paulo, apenas 5,7% dos negros ocupavam tais cargos no biênio 2011-2012, ante 18,1% dos não negros. Enquanto os negros eram 61,1% em cargos de execução e 24,7% nos de apoio, comparativamente os não negros apareciam ocupando 52,1% e 23,3% dessas funçõe, respectivamente. "O negro enfrenta seletividade no trabalho e obstáculos que o direcionam para empregos de menor qualificação", disse Lucia.
As informações analisadas foram apuradas pelo Sistema PED, por meio do convênio entre o Dieese, a Fundação Seade, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), parceiros regionais no Distrito Federal e nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo.
Fonte: Agência Estado