União Geral dos Trabalhadores

Dia do Comerciário saudado em sessão solene na Câmara Federal

31 de Outubro de 2013

BRASÍLIA/DF – Oito décadas depois da instituição do Dia do Comerciário e no ano em que a profissão foi regulamentada, em 15 de março, a Câmara Federal promoveu sessão solene em homenagem à classe, no plenário Ulysses Guimarães da casa legislativa. O ato atendeu a requerimento encaminhado à mesa diretora pelo deputado Roberto Santiago e atraiu sindicalistas de diferentes estados da federação, convocados pela Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio (CNTC).

Ao abrir os trabalhos, o deputado Simão Sessin justificou a ausência do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, e manifestou a emoção de substituí-lo naquela sessão extraordinária e histórica para a Casa. Ele revelou a ligação que tem com o comércio, por ser filho de um libanês, que veio para o Brasil e passou a vender tecido nas ruas do Norte do Rio de Janeiro, sem conhecer uma palavra do idioma, tendo se estabelecido mais tarde como comerciante. Sessin reconheceu a justeza do gesto dos deputados, “por reconhecer uma laboriosa classe, que impulsiona os surtos de progresso no mundo”, disse, apresentando números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), como os que atestam a geração de 9,8 milhões de empregos e outros indicadores. Entre eles, os 47% dos 21,7 milhões de empregos com carteira assinada, espalhados 1,7 milhões de estabelecimentos comerciais espalhados no país. Ao falar em desafios para a classe, Simon Sessim alertou para os perigos do comércio eletrônico para o nível de emprego, comentando sobre a necessidade aquela casa legislativa vir a se debruçar sobre o tema e regulamentá-lo.     

Destacado como um dos parlamentares que mais trabalhou para que profissão fosse oficializada, o deputado e presidente da UGT-Minas, Ademir Camilo, parabenizou a classe e apontou os novos objetivos a ser alcançados, com destaque para a redução da jornada de trabalho e a conquista de ambientes de trabalho condizentes ao exercício da profissão.

NOVA ERA - Levi Fernandes Pinto, presidente Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio (CNTC) e presidente da Federação dos Comerciários e Congêneres de Minas Gerais (Feccoemg), ressaltou a primazia de comemorar o Dia do Comerciário na nova condição, afirmando que - a partir da oficialização da lei 12.790 - o empregado no comércio passa a ser mais respeitado, com o estabelecimento de jornada de trabalho e previsão de qualificação profissional. “Não estamos comemorando o término, mas o começo de uma nova era na vida da categoria. A lei aumenta o ânimo para que possamos, efetivamente, voltar os esforços para a melhora das condições de trabalho, com uma jornada mais humana e digna”, advertiu.

O presidente da confederação comerciária comentou o fato de que em Serra da Saudade - menor município do Brasil e integrante da base da Feccoemg - o valor da entidade sindical é ainda maior que nos maiores centros urbanos, em que a população é mais politizada e há uma vigilância maior, além de dispor de sindicatos e do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). “Já em municípios pequenos, o trabalhador está desprotegido, muitas vezes em áreas inorganizadas em termos sindicais e sem organismos nos quais possam recorrer quando precisa de apoio”, demonstrou Levi Fernandes.

Qualificando 2013 como um ano ímpar na vida da classe e das entidades sindicais, Levi evocou o lema da Confederação - “A CNTC somos todos nós” – para convocar a luta pelo combate a males inaceitáveis na atualidade como o uso do chamado “fraudão”, peça de vestimenta íntima que a comerciária que trabalha na caixa registradora é obrigada a utilizar para não ter de ir ao banheiro quando tiver necessidade. Outros itens elencados pelo sindicalista estão a carga horária e o banco de horas. Para ele, mais que manter o que já foi garantido, é preciso avançar em novas conquistas.         

QUESTÃO DE HUMANIDADE - Momento mais aguardado da sessão solene, o pronunciamento do deputado Roberto Santiago, presidente da Comissão do Trabalho da Câmara Federal e proponente do requerimento pela homenagem do Dia do Comerciário, saudou o presidente da sessão, deputado Simon Cessin - a quem destacou como integrante do Grêmio Recreativo Escola de Samba Beija Flor, de Nilópolis, no Rio de Janeiro - e a expressivo número de dirigentes sindicais presentes no plenário. Santiago, que preside sindicato do ramos de asseio e conservação em São Paulo e é vice-presidente nacional da União Geral dos Trabalhadores (UGT) listou os motivos que o levaram a propor a sessão especial, que vão além da participação da classe do desempenho econômico nacional. O parlamentar relevou questões de natureza humanística, como o esforço para cumprir a longa jornada de trabalho, a pressão constante por metas e o assédio moral - que parte das chefias, mas muitas vezes vem do próprio consumidor (“O cliente sempre tem razão”), citando desumanidades como o uso do chamado “fraudão” pelas comerciárias que desempenham a função de caixa.

Antes das falas das lideranças partidárias e de deputados da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Comerciário, o presidente da CNTC fez a entrega de uma placa ao deputado Roberto Santiago, em gratidão ao empenho do parlamentar em favor dos Comerciários brasileiros, gesto aplaudido de pé pela audiência presente no ato.

 

Renato Ilha, jornalista (MTE 10.300)