União Geral dos Trabalhadores

No começo dos Anos 90, uma geração se insurgiu como os jovens de hoje; sem internet

16 de Julho de 2013

BELO HORIZONTE/MG - A posse de José Cloves Rodrigues na presidência do SEC-BH, dia 16/07, mobilizou um universo além da expressiva classe comerciária de Minas Gerais. A importância da entidade sindical e do novo presidente atraiu personalidades do meio - como presidentes, advogados e jornalistas – trazendo para o SEC-BH as inúmeras relações estabelecidas pelo sindicalista na trajetória de mais de duas décadas como militante da causa democrática no Brasil. Entre os personagens de maior destaque, o presidente nacional da UGT, Ricardo Patah, também presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de São Paulo, o maior do Brasil com quase 500 mil trabalhadores na base.

A notoriedade de José Cloves, porém, foi construída a ferro e fogo, ainda nos primeiros anos da redemocratização brasileira. Mal terminara a tarefa de eleger e construir a Assembleia Nacional Constituinte, em 1988, e – já no ano seguinte – os brasileiros se envolviam com a primeira eleição da era democrática, vencida pelo então governador de Alagoas, o carioca Fernando Collor de Melo. Quem lembra daquele momento e resgata a participação de Cloves é Aberlardo Quintiliano – o Abelardo do PT – presidente da Câmara de Vereadores de Joaíma, cidade do Norte de Minas, no Vale do Jequitinhonha, que se referiu à posse do comerciário como uma vitória pessoal, com forte viés e significado coletivo. Mais precisamente, Aberlado do PT visualizou um sindicato atuante e combativo, aberto para o empregado no comércio, como a entidade que José Cloves passa a presidir.

DE VOLTA PARA O PRESENTE - Voltando no tempo, Quintiliano remontou a época da rejeição organizada ao plano neoliberal de privatização de setores estratégicos da economia, como a siderurgia, por meio da venda de empresas como a Vale do Rio Doce, Açominas, Usiminas e os sistemas Eletrobrás e Telebrás. O vereador situa a época em que conheceu José Cloves e que passaram a atuar juntos pela causa nacional: - “resistimos na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro e em Belo Horizonte”, assinalou. Os dois também foram ativistas no Movimento dos Caras-Pintadas, quando Abelardo era diretor da União Colegial de Minhas Gerais (UCMG) e Cloves já era um reconhecido sindicalista.

Geraldo Anatólio, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Locação de Minas Gerais (Sintral/MG), é amigo de José Cloves desde o período de escola. Em 1985, já integrado ao movimento sindical, Anatólio convidou o ex-colega para atuar no processo que viria a culminar com a deposição de Francisco Pizarro, em novembro de 1988, depois de décadas no poder. No episódio, o atual presidente do SEC-BH atuou de forma destacada e consolidou a relação com Geraldo Anatólio – conhecido na época como “Geraldo, O Grande”, ou simplesmente, “Geraldão”, em virtude da estatura avantajada, mas também devido à influência desempenhada sobre os companheiros.

Em seguida – lembra “Geraldão” – Cloves passou a atuar na oposição ao SEC-BH e fez parte da chapa de composição resultante do intenso processo de disputa. “O Cloves empossado dia 16/07 é a resultante avançada daquele momento”, analisa Anatólio, observando que as bandeiras empunhadas pelo líder comerciário se confundem com a causa social da atualidade. “Não tínhamos as redes sociais em nosso favor. No entanto, sobrava combatividade”, pondera o amigo e companheiro de luta de José Cloves Rodrigues.

 

OUÇA A ÍNTEGRA DAS ENTREVISTAS DE ABERLARDO DO PT E GERALDO ANATÓLIO EM ARQUIVOS ANEXOS (Z0000151.MP3 E Z0000152.MP3)

 

Renato Ilha, jornalista (MTE 10.300) 

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