“O movimento social defende bandeiras iguais às da pauta trabalhista”
BELO HORIZONTE/MG – Na segunda reunião entre os representantes das centrais sindicais em Minas Gerais, que teve lugar na sede da Nova Central, os sindicalistas concordaram que a cobrança que vem sendo feita pela população em grandes mobilizações nacionais fazem parte da histórica luta dos trabalhadores por mais respeito e qualidade nos serviços públicos.
O consenso reflete a consciência formada em décadas em que o movimento sindical tomou a frente nas principais conquistas populares, como a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais (oito diárias) formalizada no dia 29 de outubro de 1932. Naquele dia, mais de cinco mil comerciários, no Rio de Janeiro, organizaram grande manifestação, marchando em direção ao Palácio do Catete e foram recebidos pelo então Presidente da República, Getúlio Vargas, que, no dia seguinte, assinou decreto incluindo o domingo como dia de descanso remunerado, marcando o 30 de outubro como o “Dia do Comerciário”.
Para Ademir Camilo, deputado federal e presidente da UGT-Minas, na mobilização do dia 11, o setor trabalhista mostrará ao país que os movimentos que espalharam pelo país levantam bandeiras antigas dos trabalhadores. “Os governantes, em nível federal, estadual e municipal é que não foram sensíveis a ponto de dar uma resposta a contento”, assinalou.
O deputado sindicalista destaca propostas como a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, o fim do fator previdenciário e da demissão imotivada (convenção 158, da OIT), e acredita que a paralisação irá integrar o movimento sindical ao conjunto do movimento social e determinar um prazo para os governantes cumpram o que está contido na pauta popular.
Mesmo admitindo ganhos com a política de valorização do salário mínimo, Ademir Camilo acha pouco para um governo eleito pelos trabalhadores e que será julgado nas eleições que se avizinham.
SERVIÇOS DEFICIENTES - Jairo Nogueira, do Sindieletro e representante da Cut, vê o movimento como grande oportunidade de fortalecer a unidade entre as centrais na defesa da pauta trabalhista, que foi levada para a presidente Dilma e também para os governos estaduais e municipais no mês de março. Ele atribui a explosão de manifestações nacionais à carência na prestação dos serviços públicos, no setor de transportes, segurança, saúde, educação e, no caso de Minas Gerais, no abastecimento de água e energia elétrica. Tais carências vêm sendo apontadas há anos pelas centrais sindicais, que agora são reforçadas pelo conjunto da população.
Membro da Federação das Associações de Moradores de Minas Gerais, Julio Cezar Pereira Souza, destaca a importância da unidade que deve haver nos movimentos sociais organizados. Ele afirmou que a relação com as centrais sindicais vem de longa data, pois as pautas dos trabalhadores são as mesmas do movimento social, como a luta pela moradia. “Devemos caminhar juntos, de mãos dadas. As conquistas também são as mesmas. Quando os trabalhadores avançam, o benefício alcança o conjunto da população”, finalizou o líder comunitário.
LUTA DE TODOS - Maria da Conceição Oliveira, da CSP-Conlutas defende a participação das mulheres na paralisação do dia 11 por comporem a metade da classe trabalhadora e pela existência de identidades entre os anseios femininos e a pauta apresentada pelas centrais, como a redução da jornada, o fim do fator previdenciário. Para ela, o movimento nacional que se formou vem da insatisfação geral do povo, que cansou de tanta restrição.
A importância da mobilização para as centrais sindicais era percebida pela presença de lideranças das entidades organizadoras. Representando a Força Sindical, o presidente Luiz Carlos Miranda; o vice Vandeir Messias Alves, e Paulo Cezar dos Santos, da Federação dos Metalúrgicos de Minas (Femetal). Em nome da CSP-Conlutas, os metalúrgicos Oraldo Paiva e Giba, membro da executiva nacional. David Elinde Silva, metroviário, e Sávio Bones, falaram pela Nova Central e Paulo Roberto da Silva, do Sindicato dos Empregados em Edifícios, Condomínios e Conservação de Belo Horizonte (Sindeac) representou a UGT juntamente a Fabian Schettini, diretor do Sindicato dos Comerciários de Contagem (Sinttrac), que acumula a função de secretário de Comunicação da Central. A CTB foi representada pelo presidente Marcelino Rocha, que é metalúrgico, e a CTB teve voz na pessoa do gráfico Jota.
Renato Ilha, jornalista (MTE 10.300)